terça-feira, 15 de março de 2011

Baralho

O baralho era uma brincadeira que ocorria no antigo Carnaval maranhense. Eram grupos de negros andrajosos, salpicados de polvilho de tapioca, a promover fortes algazarras pelas ruas da cidade, em geral empunhando chapéus-de-sol e sombrinhas desmanteladas.
As mulheres desses grupos, pejorativamente chamadas de “negritas do baralho”, calçavam sandálias e traziam flores no cabelo.

Não há referências a música nem a eventuais instrumentos acompanhadores da brincadeira.

O site CMF - Comissão Maranhense de Folclore escreve sobre o baralho:

"Brincadeira formada por grupos de negros que percorriam as ruas da cidade cantando músicas com letras picantes de duplo sentido, tocando castanhola, sanfona, pandeiros, reco-reco, tambores e remexendo as cadeiras (quadris) em danças lascivas que escandalizavam a sociedade da época. Isso gerou termos depreciativos como "negras do baralho", "polvilho do baralho" com a intenção de rejeitar as pessoas que brincavam o Baralho, por ser uma brincadeira contagiante e alegre que atraia muita gente por onde passava.

Seu Augusto Aranha lembrava que "tinha o Baralho da Madre Deus, Baralho da Praia do Caju, hoje Beira-Mar, o Baralho da Praia do Desterro. Eram os três célebres. Todos se reuniam na hora do almoço nos lugares e saiam 2 horas da tarde. Era muita gente, muito pior que essa banda que sai aí todo sábado" (ele se referia à extinta Banda do Baixo Leblon que saia da Beira-Mar e animou os pré-carnavais de rua até o início da década de 90). O traje? " eles se trajavam à vontade. Era aquelas saias grandes, as mulheres, e os rapazes de calça, chapéu de palha, cara pintada, tudo cheio de pó. Antes tinha cabacinha. Eles compravam bexiga de boi, esticavam bem e fabricavam a cabacinha com água e tinta colorida...atirava aquilo que espocava e sujava a roupa do camarada todinha"

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; CMF - Comissão Maranhense de Folclore.

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