quarta-feira, 30 de março de 2011

Candomblé

O candomblé é o culto fetichista afro-brasileiro, levado a efeito em locais denominados terreiros. É uma festa religiosa dos negros jeje-nagôs e bantos da Bahia, mantida pelos seus descendentes.
Para Mário de Andrade, esta seria a palavra “mais geral” para designar a feitiçaria brasileira. No entanto, parece que atualmente é mais válido apontar a palavra macumba como a mais abrangente para designar esse tipo de culto.

Durante a cerimônia do candomblé, é feita a propiciação e invocação dos orixás (divindades), manifestados através dos iniciados, os filhos- ou filhas-de-santo. O chefe do culto, homem, recebe os nomes de pai-de-santo ou pai-de-terreiro, babalorixá, babalaô; a mulher, mãe-de-santo ou mãe-de-terreiro, ialorixá, ialoxá.


O cerimonial é baseado no canto e na dança, utilizados como meios de alcançar o transe ou êxtase. O ritmo violento dos tambores e a incessante repetição dos cantos, gerando fadiga da atenção e conseqüente amortecimento da consciência, levam iniciados e crentes a um verdadeiro estado de hipnose.

Explica Nina Rodrigues a função da música no candomblé: “É preciso ter sido testemunha dos trejeitos, das contorções, dos movimentos desordenados e violentos a que os negros se entregam nas suas danças sagradas, por horas e horas seguidas, por dias e noites inteiros (...), para se poder fazer uma idéia do que é e do que pode aquele exercício extenuante, mas que em vez de abatê-los cada vez os exalta e excita mais. É com uma espécie de furor crescente, de raiva, de desespero que eles acompanham em contorções as variações cadenciadas, porém mais e mais aceleradas do batucajé, até a manifestação final do santo. (...) Por via de regra é a música que provoca o estado de santo. (...) Todos os negros que tenho visto cair no santo nestas condições e a que tenho podido consultar são unânimes em declarar que é a música que os impele para a dança e daí para o santo”.

Principais instrumentos acompanhadores: lé, rum e rumpi (tambores). No Pará era o antigo nome do babaçuê.

O que é Candomblé?
Os navios negreiros que chegaram entre os séculos XVI e XIX traziam mais do que africanos para trabalhar como escravos no Brasil Colônia. Em seus porões, viajava também uma religião estranha aos portugueses. Considerada feitiçaria pelos colonizadores, ela se transformou, pouco mais de um século depois da abolição da escravatura, numa das religiões mais populares do país.
Quem gosta de cachaça é Exu. Quem veste branco é Oxalá. Quem recebe oferendas em alguidares (vasos de cerâmica) são orixás. E quem adora os orixás são milhões de brasileiros. O candomblé, com seus batuques e danças, é uma festa. Com suas divindades geniosas, é a religião afro-brasileira mais influente do país.

Não existem estatísticas que dêem o número exato de fiéis. Os dados variam. Segundo o Suplemento sobre Participação Político-Social da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1988, 0,6% dos chefes de família (ou cônjuges) seguiam cultos afrobrasileiros. Um levantamento do Instituto Gallup de Opinião Pública, no mesmo ano, indicou que candomblé ou umbanda era a religião de 1,5% da população.

São índices ridículos se comparados à multidão que lota as praias na passagem de ano, para homenagear Iemanjá, a orixá (deusa) dos mares e oceanos. Elisa Callaux, gerente de pesquisa do IBGE, explica por que, tradicionalmente, os índices dos institutos não refletem exatamente a realidade: Os próprios fiéis evitam assumir, por medo do preconceito. Ela tem razão. A mais célebre mãe-de-santo do Brasil, Menininha do Gantois, falecida em 1986, declarou certa vez ao pesquisador do IBGE que era católica. Apostólica romana.

De seu lado, a Federação Nacional de Tradição e Cultura Afro-Brasileira (Fenatrab) desafia ostensivamente as cifras oficiais e garante haver 70 milhões de brasileiros, direta ou indiretamente, ligados aos terreiros seja como praticantes assíduos, seja como clientes, que ocasionalmente pedem uma bênção ou um serviço ao mundo sobrenatural.

Você pode achar um exagero, e talvez seja mesmo, mas terreiro é o que não falta. Em 1980, num convênio da Prefeitura de Salvador com a Fundação Pró-Memória, o antropólogo Ordep Serra, da Universidade Federal da Bahia, concluiu um mapeamento dos terreiros existentes na região metropolitana de Salvador. Eram 1 200. Hoje são muitos mais, assegura Serra.

Mais recentemente, o Instituto de Estudos da Religião (ISER) verificou que 81 novos centros espíritas (englobando cultos afro-brasileiros e kardecismo) haviam sido abertos no Grande Rio de Janeiro no ano de 1991, e que, em 1992, surgiram outros 83. O sociólogo Reginaldo Prandi, da Universidade de São Paulo, contou, em 1984, 19 500 terreiros registrados nos cartórios da capital paulista. (por Sílvia Campolim)

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Candomblé - Superinteressante.

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