sexta-feira, 8 de julho de 2011

Lapinha

A lapinha ainda se encontra conservada, particularmente no Nordeste do Brasil
A lapinha é denominação popular do pastoril (dança dramática ou folguedo), distinguindo-se deste pela representação de uma série de pequenos autos diante do presépio, sem interferência de cenas alheias aos episódios propriamente natalinos.

Apesar da grande popularidade que teve no Brasil, está hoje quase extinta, tendo sido substituída pelo pastoril, sem a religiosidade de outrora e com a inclusão de danças modernas e cantos estranhos ao auto. No Nordeste é nome dado ao presépio.

A lapinha

Enquanto o presépio representa uma das tradições natalinas, assim como a árvore-de-Natal, a lapinha (ou pastoril) ainda se encontra bem conservada, particularmente no Nordeste do Brasil.


Câmara Cascudo ressalta, em seu Dicionário do folclore brasileiro, que, por tradição, a Sagrada Família se recolheu a uma caverna (uma lapa ou gruta), tendo lá nascido o Menino Jesus. Vem, daí, o termo lapinha. Diz o folclorista, ainda, que a lapinha é a denominação popular do pastoril, com a diferença de que era representada a série de pequeninos autos, diante do presépio, sem interferência de cenas alheias ao devocionário.

Por lapinha, segundo Cascudo, seria denominado o pastoril que se apresentava diante dos presépios, ou seja, o grupo de pastoras que faziam as suas louvações na noite de Natal, cantando e dançando diante do presépio, divididas por dois cordões – o azul e o encarnado, as cores votivas de Nossa Senhora e de Nosso Senhor. Em outras palavras, tratava-se de uma ação teatral de tema sacro.

Somente por volta do século XVI, ou seja, três séculos depois de ter sido criada a simbologia do presépio, é que a dramatização da Natividade, com danças e cantos, teve o seu início. Entoada diante do presépio, a lapinha, do final do século XVIII até o princípio do século XX, exibia-se diante do presépio, cantando e dançando em igrejas ou residências particulares, divididas em cordões encarnado e azul.

O desvirtuamento da lapinha acentuou-se em 1801, quando o bispo de Olinda protestou contra as pastorinhas, pela alta percentagem de mundanidade que escurecera a transparência inocente dos doces autos antigos.

Antigamente, a lapinha era também representada por um arcabouço de ripas, onde se viam entrelaçados ramos de folhagens de pitangueira e de canela, que perfumavam o ambiente, sendo enfeitadas por rosas e cravos. Na atualidade, a lapinha é o ramo profano da representação dramática da Natividade, relacionando-se mais às iniciativas leigas, por ocasião do Natal. Neste sentido, representa mais um simples teatro popular, sem as comemorações religiosas do nascimento de Jesus.

Na Idade Média, afirmava-se que Jesus havia nascido em uma lapa (uma espécie de gruta ou caverna), a morada dos primeiros homens. Por essa razão, foram criadas as lapinhas. Estas se modificaram, segundo Câmara Cascudo, perderam a religiosidade de outrora, assimilaram costumes africanos e indígenas, tornando-se um auto profano, passando a incluir danças modernas e cantos estranhos ao auto. Hoje, ressalta o folclorista, os termos lapinha e presépio são considerados como sinônimos. (Semira Adler Vainsencher - Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco).

Fontes: Lapinha; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

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