segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Afoxé

Do Candomblé é um rancho negro que aparece na Bahia durante o Carnaval, com origem semelhante à do maracatu. Também conhecido como afoxê, afuxé e afuxê.

Para Alceu Maynard Araújo, esse rancho "seria o sagrado participando do profano no carnaval, porque o afuxé é uma obrigação religiosa que os membros dos candomblés, principalmente os de origem jeje-nagô, terão que cumprir, cuja saída no período momístico será feita ‘nem que seja por perto do terreiro".

Antes de ganhar a rua, os afoxés fazem uma preparação ritualística através de um despacho, cerimônia que tem por fim impedir que Exu interrompa os festejos carnavalescos. O despacho chama-se padé de Exu; trata-se de ritual promovido pelos principais elementos do afoxé, que cantam e tocam o instrumental sagrado, até um orixá ser incorporado por uma das filhas-de-santo. 

O mestre canta louvando os santos: canto tristonho, ritualistico, monótono, em língua nagô, respondido em coro pelas filhas-de-santo. Em seguida vem a louvação do rei e da rainha do afoxé. A Babalotim, boneca negra nagô representante dos Ibeji (Cosme e Damião), é então reverenciada com todo respeito e atenção. 

Quem a conduz é um menino de oito a dez anos, dançarino capaz de executar os complicados passos da coreografia ritual. Só após essa dança é que se encerra a primeira parte do afoxé, podendo então seus participantes sair à rua em cortejo: Babalotim vai na frente, seguida pelo rei e a rainha, e logo atrás o quimboto (feiticeiro), que carrega um maracá. 

Existem afoxés, porém, que não apresentam o quimboto, dando todo destaque ao Obá, que é o rei. Ao contrário do que ocorre na primeira parte, os cânticos de rua são alegres e movimentados, conforme narra Alceu Maynard Araújo: “música de ritmo contagiante que enreda o simples espectador de rua a acompanhar com o corpo, quando desfilam pelas vielas, ruas e avenidas da capital baiana. Quando não se segue um afuxé que passa, pelo menos batem-se palmas como fazem as filhas- de-santo”. 

Os instrumentos que acompanham o rancho são: engomas (geralmente três atabaques) ou o ilu, os gã ou agogô, um ou dois xerês.



Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira, Erudita e Folclórica - Art Editora e Publifolha - São Paulo - 2a. edição - 1998.

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