terça-feira, 15 de março de 2011

Batuque-boi

O batuque-boi também é conhecido apenas como batuque. É luta africana, de origem banto, encontrada na Bahia, principalmente em Cachoeira, Santo Amaro e Salvador.
As disputas realizam-se sempre aos domingos ou em dias de festa, como Natal, Ano-bom, Carnaval. Para Edison Carneiro, o batuque é apenas um variante da capoeira, “tanto que todos os atuais capoeiristas da Bahia sabem jogar e jogam o batuque, embora, já hoje, a luta seja, para eles, um jogo acessório”.

A luta mobiliza um par de jogares de cada vez, que usam apenas as pernas: dado o sinal, um deles une as pernas firmemente e aguarda as pernadas do adversário, que tenta derrubá-lo; depois de algumas tentativas infrutíferas, a posição se inverte e o que dava as pernadas passa a recebê-las. Quem derruba o adversário é o vencedor.

Entre os golpes podem ser citados a “encruziada”, em que as duas pernas são atiradas contra as pernas do adversário; a coxa-lisa, golpe de coxa contra coxa; o baú, quando as duas coxas do atacante golpeiam com força e bem de frente as coxas do adversário; e outros.

A orquestra é a mesma da capoeira: berimbau-de-barriga, ganzá, pandeiro. Semelhante à pernada carioca, ao bate-coxa alagoano. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Batuque

O batuque é uma dança considerada originária de Angola e do Congo (África). Sinônimo de batucada, é talvez a dança brasileira de mais antiga referência, tendo sido assinalada no Brasil e em Portugal já no séc. XVIII.
É realizada em roda, da qual participam não apenas os dançarmos, mas também os músicos e os espectadores. A introdução ou prelúdio da dança chama-se baixão e é executada pelo violeiro.

No centro da roda fica um dançarino-solista ou um ou mais pares que se incumbem da coreografia. Consiste em forte marcação pelos quadris, sapateados, palmas e estalar de dedos. Apresenta como elemento específico a umbigada — que o dançarino ou dançarmos-solistas dão nos figurantes da roda escolhidos para substituí-los.

Em São Paulo, pelo menos na região de Tietê e Piracicaba, onde é também chamado samba, o batuque é dança de terreiro e sua coreografia é em fileiras opostas, com a presença do modista e do carreirista.

A palavra deixou de designar uma dança particular, tornando-se, como o samba, nome genérico de determinadas coreografias ou danças apoiadas em forte instrumental de percussão.

Atualmente, no Rio Grande do Sul, batuque é cerimônia afrobrasileira, nome gaúcho para os cultos fetichistas como a macumba, o xangô e o candomblé. Na Bahia é também outra denominacão do batuque-boi. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Batucajé

O batucajé (ou batucajê) é o título genérico das danças religiosas dos candomblés brasileiros. Do yorubá (grupo étnico africano, que habita a Nigéria) "batuc" (homens que tocam) e "ajé" (mulheres que dançam).
Essa palavra é também aplicada a danças profanas afro-brasileiras, citadas por Nina Rodrigues.

Na Umbanda é a dança religiosa do ritual do terreiro, tendo por finalidade facilitar a incorporação dos guias nos médiuns que a executam.

De diferentes localidades, é também chamada de "batuque do Jarê" na Bahia e "dança cabinda" também chamada "piauí" onde usam o pandeiro, a cuíca, o chocalho e a matraca como instrumentos.

Fontes: Wikipedia; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Ed.; Umbanda (http://analgesi.co.cc/html/t20999.html).

Batucada

O batuque em SP - Von Martius
Batucada é o nome dado ao ritmo do batuque e também usado como sinônimo deste. É um baile, uma festa, com instrumentos de percussão em que se cantam versos, respondidos pelo coro; não há batucada com instrumentos de corda e de sopro, dizem os mestres do gênero no Rio de Janeiro.
Também pode significar "baile de gente pobre". Nenhuma dança caracteriza a batucada, porque todas são de roda, com um ou dois dançarinos fazendo letras (figuras) no centro.

A origem do bailado é provavelmente africana; mas alguns acham que sejam danças indígenas, documentando-se nos desenhos dos livros de Théodore de Bry (1528—1598) e nas informações dos cronistas coloniais, especialmente Jean de Léry (1534—1611) e Hans Staden (fl. 1547-1556).

Em termos de origem, pode-se dizer que é universal, pois danças com instrumentos de percussão, palmas ou batidas em qualquer superficie, existem por toda parte, e os viajantes as encontraram por todo o mundo.

Popularmente é o nome genérico empregado para identificar o conjunto dos sons produzidos pelos instrumentos de percussão em rodas de batuques (às vezes, por isso chamadas de rodas de batucada).

A partir da década de 1930, quando da profissionalização definitiva dos criadores de música popular urbana (convocados a produzir especialmente para gravação em discos, sob o estímulo de sua divulgação em âmbito nacional pelo rádio), batucada passa a nome de um tipo de samba com ênfase no ritmo vivo e marcado do acompanhamento à base de percussão.

O novo gênero, caracterizado por certo primitivismo em face do tipo de samba mais melódico dirigido ao público de classe média, viria a configurar a projeção, para o cenário da música popular, de diferenças sócio-culturais muito bem expressadas à época nos versos do samba É batucada, de Caninha e Visconde de Bicoíba (gravado no disco Columbia n°22194, em março de 1933): “Samba do morro / não é samba / é batucada / é batucada / é batucada”. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Bate-pé

O bate-pé é uma dança de roda, com sapateado rápido, popular no interior de São Paulo.

Embora sem a graça e o colorido das danças do Nordeste, é um dos divertimentos prediletos do caipira paulista.

É acompanhado de violão, em compasso binário. 

Como coreografia é sinônimo de sapateado e aparece em várias outras danças brasileiras, como as do fandango.



Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora

Bate-pau

O bate-pau é uma dança de roda, do vale do rio das Garças (Mato Grosso). É também uma das mais conhecidas tradições indígenas do Mato Grosso do Sul, que tem origem na comemoração das vitórias nas guerras.
Dois violeiros, no centro da roda, dirigem o folguedo. Os figurantes, agrupados em pares, dispõem cada um de um bastão de madeira, que seguram pelo meio, com as duas mãos. 

Ao som de uma música viva e alegre, cujo compasso cada vez mais se acelera, os participantes defrontam seus pares a uma distância suficiente para que os bastões possam bater uns nos outros, primeiro na altura da cintura.

Depois, gingando ao ritmo da toada, cada um se vira para o vizinho que estava às suas costas e novamente batem os bastões, agora na altura da cabeça. A dança sempre termina entre risos e caçoadas, à medida que os figurantes vão errando os golpes.

O emprego de bastões torna o bate-pau aparentado a outras danças, como o moçambique de São Paulo, o vilão de Santa Catarina, o tum-dum-dum do Pará, o maculelê da Bahia.

Bate-coxa

O bate-coxa é uma dança ginástica, de origem negra, encontrada em Piaçabuçu, Alagoas, no baixo São Francisco.
Assemelha-se em parte ao batuque-boi da Bahia, ao esquinado e ao quebra-bunda. Ainda que diferente, pode ser considerado uma variante mais violenta da capoeira baiana.

Forma-se uma roda para cantar, acompanhada por um ganzá. Dois contendores, vestidos apenas com um calção, amarram os testículos para trás e aproximam-se, colocando peito com peito, apoiando-se mais nos ombros, o direito com o direito e o esquerdo com o esquerdo.

Quando a roda canta “é boi”, os contendores afastam a coxa ao máximo e as chocam num golpe rápido. Batem primeiro a coxa direita com a direita e depois a esquerda com a esquerda, sempre ao ouvir “é boi”.

A dança terminará quando um dos contendores cair após uma batida, sendo considerado vencido.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora,

Bate-caixa

O bate-caixa é uma dança de roda, variante do jongo e do bambelô. Original do interior paulista, é dançada por ocasião das festas do Divino Espírito Santo, realizadas dez dias depois da quinta-feira da Ascenção.
O que distingue o bate-caixa de outras danças do mesmo gênero é o fato de os músicos ficarem no centro do círculo. Ao contrário do que ocorre no longo e no bambelô, o bate-caixa exige dos participantes menos agilidade e menos reviravoltas.

Cantando em diálogo, os figurantes giram sempre em cadência lenta, destacando-se no acompanhamento o som do tambor (caixa surda) ao lado de instrumentos regionais.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Bate-baú

O bate-baú é uma variante coreográfica do samba e do samba-de-roda baiano, hoje extinta, que existiu na Bahia.
Segundo Luís da Câmara Cascudo, citando Édison Carneiro, “as negras dançavam aos pares, um de cada vez. E, inclinando o busto para trás, as pernas arqueadas, uniam o baixo- ventre, produzindo um ruído igual ao de uma caixa de madeira que se fechasse de vez”. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Baralho

O baralho era uma brincadeira que ocorria no antigo Carnaval maranhense. Eram grupos de negros andrajosos, salpicados de polvilho de tapioca, a promover fortes algazarras pelas ruas da cidade, em geral empunhando chapéus-de-sol e sombrinhas desmanteladas.
As mulheres desses grupos, pejorativamente chamadas de “negritas do baralho”, calçavam sandálias e traziam flores no cabelo.

Não há referências a música nem a eventuais instrumentos acompanhadores da brincadeira.

O site CMF - Comissão Maranhense de Folclore escreve sobre o baralho:

"Brincadeira formada por grupos de negros que percorriam as ruas da cidade cantando músicas com letras picantes de duplo sentido, tocando castanhola, sanfona, pandeiros, reco-reco, tambores e remexendo as cadeiras (quadris) em danças lascivas que escandalizavam a sociedade da época. Isso gerou termos depreciativos como "negras do baralho", "polvilho do baralho" com a intenção de rejeitar as pessoas que brincavam o Baralho, por ser uma brincadeira contagiante e alegre que atraia muita gente por onde passava.

Seu Augusto Aranha lembrava que "tinha o Baralho da Madre Deus, Baralho da Praia do Caju, hoje Beira-Mar, o Baralho da Praia do Desterro. Eram os três célebres. Todos se reuniam na hora do almoço nos lugares e saiam 2 horas da tarde. Era muita gente, muito pior que essa banda que sai aí todo sábado" (ele se referia à extinta Banda do Baixo Leblon que saia da Beira-Mar e animou os pré-carnavais de rua até o início da década de 90). O traje? " eles se trajavam à vontade. Era aquelas saias grandes, as mulheres, e os rapazes de calça, chapéu de palha, cara pintada, tudo cheio de pó. Antes tinha cabacinha. Eles compravam bexiga de boi, esticavam bem e fabricavam a cabacinha com água e tinta colorida...atirava aquilo que espocava e sujava a roupa do camarada todinha"

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; CMF - Comissão Maranhense de Folclore.

Banzé

O banzé (o mesmo que banzé-de-cuia) é uma dança de negros pertencente ao folguedo moçambique, encontrada em Minas Gerais, São Paulo e no Brasil Central.
Chegou em Portugal na segunda metade do século XIX. Manifestou-se possivelmente como dança independente, no Rio Grande do Norte, com o nome zambé.

Originário talvez do quimbundo, das vozes mbanza, viola; ou mbanze, feitiço para atrair mulheres para fins amorosos.

O título deve ter designado uma dança turbulenta, porque seu nome também significa barulho, desordem, bagunça.

Fonte: Novo dicionário banto do Brasil; Enciclopédia da Música Brasileira.

Bangulê

Coreografia do bangulê
O bangulê é uma espécie de jongo, dança de negros executada ao som de cuíca, palmas e sapateado. Suas cantigas são referidas como obscenas.
Os estudiosos não mencionam em que regiões foi ou é encontrada.

Segundo o site Império Nordestino "a dança bangulê é tipicamente dos negros. É dançada ao som de puíta, acompanhada de palmas e sapateados. As cantigas que servem de motivos à dança são fartas em obscenidades.

Talvez por este motivo não haja encontrado grande números de adeptos. Contudo merece registro dentre o número de danças mais interessantes do folclore brasileiro."


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Império Nordestino - Bangulê - Ritmos do Nordeste

Bandeira-de-são-joão

A bandeira-de-são-joão (ou acorda-povo) é talvez a única procissão religiosa no Brasil em que ainda se incluem danças e é encontrada em Pernambuco.
O cortejo sai no início da noite, percorrendo os bairros, carregando uma bandeira de pano, estrela e andor. O número de participantes é ilimitado, e se formam duas filas com homens, mulheres e crianças. Cantoras com livros abertos seguem cantando, acompanhadas por uma orquestra ou por instrumentos de percussão.

Atrás de tudo vai o povo cantando, dançando às umbigadas, soltando fogos e balões, por fim, cantando, todos aderem às danças.

A bandeira-de-são-joão é ainda conhecida pelos nomes de acorda-povo e bandeira e, menos comuns procissão do galo, procissão-de-são-joão e bandeira-do-banho-de-são-joão.

Bambelô

O bambelô é uma dança de roda do tipo batuque ou samba, dançado ao som de instrumentos de percussão. É comum no Nordeste, principalmente nas praias de Natal, no Rio Grande do Norte.
Formado um círculo, um ou dois figurantes entram para o centro e, cantando e dançando com agilidade, animam o folguedo.

Em alguns bambelôs, o convite para substituição não é feito por umbigada mas por uma reverência com a cabeça ou batida de pé diante da pessoa escolhida.

Em Natal é também conhecido como jongo-de-praia, coco-de-zambê e zambelô. É semelhante ao jongo, ao coco-de-roda, à punga.

Graça Graúna, escritora potiguara, conta em seu site Histórias de uma Vovó Pássaro:

"Ouvi do meu pai que a minha avó benzia e o meu avô dançava o bambelô na praia, e batia palmas com as mãos encovadas o coco improvisado; ritimando as paixões na alma da gente. Ouvi do meu pai que o meu avô cantava às noites de lua, e contava histórias de alegrar a gente e as três Marias.

Meu avô contava:  - A nossa África será sempre uma menina.

Meu pai dizia: - Ô lapa de caboclo é esse Brasil, menino!

E o côro entoava:

Dançamos a dor,
tecemos o encanto
de negros e índios
da nossa gente "

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Histórias de uma Vovó Pássaro.

Bambaquerê

O bambaquerê (também chamado de bambaquererê) é um baile, espécie de fandango, muito comum no Rio Grande do Sul. Da mesma maneira que o fandango, o bambaquerê consiste num conjunto de danças executadas durante uma noite de folguedo.
É também uma dança singular: homens e mulheres cantando e dançando em círculo, enquanto ao centro um par solista executa vários passos e figuras que culminam com uma umbigada.

Segundo R. de Mendonça, palavra "bambaquerê" significa dança do bambá, e tem a sua etimologia em "mbamba", acrescida de "querê", alteração, talvez de querer. Também é chamado de bambaquererê. Provavelmente o mesmo que bambá.

Fontes: Dicionário Babylon; Enciclopédia da Música Brasileira.