sábado, 23 de abril de 2011

Cateretê

O cateretê é uma dança de provável origem ameríndia registrada em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e em vários Estados do Nordeste. Também é conhecida como catira.
Cinco ou mais pares, vestidos com roupas comuns, dançam num salão ou galpão ao som de duas violas. Ao centro são formadas duas colunas, e à frente de cada uma delas posta-se um violeiro-cantador. 

Um é o mestre — que faz a primeira voz e é o autor da moda cantada — e o outro, o contramestre, que faz a segunda voz. Na coluna do mestre fica o palmeiro ou tirador-de-palmas; na outra, o tirador-de-sapateado ou orela.


Geralmente as duas funções são desempenhadas pela mesma pessoa. Os dançarinos batem palmas ou executam o pateio (fortes batidas ritmadas dos pés contra o solo), mas não cantam. Os violeiros cantam ou batem os pés, mas não batem palmas. Com os figurantes em formação, os violeiros dão os primeiros arpejos e começam o canto em dueto, não sem antes solicitar licença para cantar.

Quando termina o canto da primeira estrofe, saem pela esquerda e vão até o final das respectivas colunas, seguidos pelos demais, efetuando assim um giro pela esquerda, que os reconduz às posições originais.

Após breve pausa, dançadores e violeiros trocam de lugar com os pares defronte, de maneira ritmada. Essa figura tem o nome de vorteá e cruzá. Quando dão a volta, fazem vênia, isto é, cumprimentam o público. Em seguida, os violeiros cantam a moda, a duas vozes, enquanto os figurantes permanecem imóveis. Finalizam a estrofe, dão mais alguns acordes, e os tiradores-de-palmas entram em ação.

As violas param um instante e tomam outro ritmo, dando inicio ao pateio, sob direção do tirador-desapateado. Assim que o ritmo está embalado, os violeiros também começam a bater os pé no chão, vigoramente. Dá-se então uma pausa geral.

Depois, os violeiros novamente começam a arpejar as violas; reiniciam a moda, cantando uma outra estância. Alternam canto, bater de palmas e de pés. Por fim, para encerrar a moda, fazem a suspendida: acréscimo de dois ou três versos, além dos das estrofes anteriores. As violas então silenciam e os dançadores abandonam os lugares.

Tendo em vista que o canto se desenvolve independentemente da dança, as melodias de cateretê não possuem nenhum caráter coreográfico. Elas são legitimamente cantos puros, perfeitamente iguais, como espírito e estrutura, às chamadas modas-de-viola. A estas também se aparentam, pelos seus textos, que são fixos, sempre historiados ou narrativos.

Segundo Sílvio Romero, cateretê era, em Minas Gerais, designação de baile popular, sinônimo de samba, xiba e fandango. Não se sabe se a designação lá persiste.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira – Art Editora.

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