quarta-feira, 8 de junho de 2011

Forró

O forró é uma abreviatura de forrobodó e forrobodança, de uso comum na imprensa pernambucana da segunda metade do século XIX, para designar o local onde acontecia determinado baile popular. 

O vernáculo é bem brasileiro, nada tendo a ver com "for all", como querem alguns descobridores de anglicismos.

Seu uso tornou-se comum na imprensa de Recife PE (América Ilustrada, nr. 25, 1882, e Mephistopheles, nr. 15, 1883), sendo classificado por Rodrigues de Carvalho (in Cancioneiro do Norte, Fortaleza, 1903) como “bailes da canalha” e por Pereira da Costa (in Vocabulário pernambucano, 1908) como “divertimento, pagodeira, festança”.

Com o uso continuado, o vocábulo forrobodó passou a ser utilizado em sua forma forrobodança, assim definido em A Lanceta, nr. 121, 1913: [...] é um baile mais aristocrático do que o Chorão do Rio de Janeiro, obrigado a violão, sanfona, reco-reco e aguardente. Nele tomam parte indivíduos de baixa esfera social, a ralé... A sociedade que toma parte no nosso forrobodança é mesclada; há de tudo. Várias vezes verificam-se turras e banzés sem que haja morte ou ferimentos. Fica sempre tudo muito camarada; muito bem, muito obrigado”. 

Imagem diferente é contada, já na década de 1950, por Zé Dantas (José de Sousa Dantas Filho), em Forró do Mané Vito, gravado por Luiz Gonzaga em 1949; ainda Zé Dantas, Forró em Caruaru, gravado por Jackson do Pandeiro em 1955; Edgar Ferreira, em Forró em Limoeiro, gravado por Jackson do Pandeiro, e, novamente, Zé Dantas, em Forró de Zé Antão, também gravado por Luiz Gonzaga em 1962. 

No final dos anos de 1950, com a construção de Brasília DF, foram transferidos dezenas de milhares de nordestinos para o Planalto Central que, a exemplo do que já vinha acontecendo no Rio de Janeiro RJ e São Paulo SP, ali estabeleceram seus bailes populares com o título de forró, geralmente antecedendo o nome do proprietário: “o forró de Zé do Baile toca o ano todo / toca o ano todo. 

As chamadas Casas de Forró surgiram, na década de 1970, com grande presença de artistas do Nordeste, como local de divertimento dos migrantes daquela região, sendo freqüentadas por trabalhadores da construção civil, empregadas domésticas, segmentos outros da comunidade subalterna, bem como por gente da classe média saudosa dos ritmos regionais. 

Nos anos de 1970, as Casas de Forró, não só do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Natal RN e outras cidades, passaram a receber a freqüência dos chamados defensores da música popular brasileira, despertando assim o interesse da juventude universitária que via no ambiente uma forma de diversão autêntica e barata. 

Artistas como Luís Gonzaga, Dominguinhos, Marinês e Sua Gente, Trio Nordestino, Abdias, Zé Gonzaga, Genival Lacerda, tornaram-se assíduos nas apresentações, abrindo assim um mercado que se encontrava em baixa. 

Na década de 1990, dentro do forró, a exemplo do baião nos anos de 1950, existiu lugar para todos os ritmos rurais do Nordeste e até de outras regiões. Sob seu rótulo, vamos encontrar o xótis, o rojão, a marcha de roda e a marcha junina (ambas oriundas da marcha popular portuguesa), o xenhenhém, a toada, o samba rural, o xaxado, o coco, a mazurca, a rancheira e o próprio baião, bem como ritmos estrangeiros como o merengue, que aparece travestido de lambada, e a quadrilha. 

Aproveitando a onda de modismo da juventude, o forró tornou-se a palavra de ordem, integrando o repertório de dezenas de conjuntos do gênero existentes em Pernambuco e no Ceará: Mel com Terra, Mastruz com Leite, Caviar com Rapadura, Flor de Cheiro, Cavalo de Pau, Catuaba com Amendoim, Calango Aceso, Balaio de Gato, Mestre Ambrósio, Cascabulho, Limão com Mel, entre outros. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - 2a. Edição - São Paulo - 1998.

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