A incelência é uma cantiga fúnebre entoada nos velórios aos pés do morto. Diferencia-se do bendito, pois este é cantado à cabeceira do defunto.
As incelências são entoadas pelas carpideiras, no interior brasileiro, onde ainda persiste o costume de “chorar o defunto”, herdado dos portugueses.
A atividade de carpideira, no Brasil, pode ser espontânea e gratuita, ou recompensada com alimentos, dinheiro ou roupa. Geralmente é executada por velhas, parentes ou não, que provocam as lágrimas da família com frases exaltadas e gesticulaçâo dramática.
São elas as iniciadoras do canto das incelências, entoado com voz sinistra e apavorante. São sabedoras das rezas de defunto votivas. Essas orações e cantos duram até o saimento do enterro.
Além disso, as incelências têm também a função de afastar o perigo de pestes e tempestades, e o poder, segundo crença popular, de despertar no moribundo o horror ao pecado — o que lhe facilita a entrada no céu.
São sempre entoadas por cantadeiras, em uníssono, sem acompanhamento instrumental e com frases rimadas em série de 12: “Uma incelência que Nossa Senhora deu a Nosso Senhor, / Esta incelência é de grande valor / Duas incelências que Nossa Senhora etc.
Há também a incelência da hora: “Já é uma hora que os anjos vieram te ver, / E ele vai, e ele vai também com você. / Já são duas horas que os anjos etc.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário