A balainha do Paraná. |
A jardineira é uma dança popular na região litorânea dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Pode ser dançada isoladamente ou antecedendo o pau-de-fita ou um auto.
Desfilando em formação de meia-lua, os pares, cantando, fazem o granchê ou garranchê (do francês grande chaîne, “grande cadeia”). Depois volteiam e começam a agitar arcos flexíveis de madeira, enfeitados de flores artificiais.
A percussão é feita com pratos de zinco. Ao bailado preside um menino fantasiado de Cupido (deus latino do amor), instalado numa cadeira de espaldar.
A dança realiza- se no Carnaval, nas festas do Divino Espírito Santo (domingo de Pentecostes), em junho ou no Natal. Também conhecida como balainha (Paraná), dança-de-cupido (Santa Catarina) e arco-das-flores ou arco-de-flores (Rio Grande do Sul).
A representação da fertilidade
A Balainha, Arco de flores, Arco Florido, Dança do Cupido ou, ainda, Jardineira − como é conhecida − é uma dança que tem origem em várias simbologias, referindo-se, muitas vezes, à beleza das flores e à representação da fertilidade; assim, os nomes sempre remetem à expectativa da colheita de bons frutos vindos de uma boa florada.
A abundância das matas, já no descobrimento, foi observada pelos primeiros a pisarem em nossas terras, e, por isso, esse folclore foi largamente difundido em todo o país, tendo sido trazido pelos portugueses de origem açoriana, arquipélago situado a noroeste de Portugal. No Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, acontecem diversas comemorações e apresentações da Balainha, demonstradas conforme as peculiaridades vindas de adaptações resultantes da diversidade dos ambientes encontrados.
As apresentações da dança em Portugal, ou melhor, em todo o território europeu, originalmente, tem uma intenção ritualística envolvendo uma série de misticismos. Invocam o espírito da fertilidade, que dizem vir das matas, manifestado com a chegada da primavera. Por lá, esse folguedo carrega muita seriedade, pois acredita-se na real investida do destino para trazer boas colheitas, bons pastos, enfim, abundância. Diferentemente, no Brasil, as representações são bem mais simbólicas e estéticas, não veem o folclore com tanta rigidez. Na verdade, a dança é muito mais uma brincadeira, um lazer.
Isso pode ser visto junto com os festejos juninos e também nas apresentações da festa do Divino Espírito Santo. Em Santa Catarina e no Paraná, por exemplo, acontece junto com as danças do Pau-de-Fita e do Boi-Mamão, nas festas de São João. No Sudeste, são apresentadas com as festas do Divino, e são distribuídos doces bentos pelo padre dentro das jardineiras. Outras vezes, é considerada uma comemoração infantil, como é no estado de São Paulo.
A dança, em sua diversidade, é tradicionalmente representada por moças. Elas carregam arcos adornados de flores, posicionadas em pares, fazendo, inicialmente, movimentos ondulares para cima e para baixo, como se estivessem costurando os outros arcos. Depois, formam pequenos círculos com quatro pares, em que, no alto, os arcos se entrelaçam e formam o que se chama de “balainhas”, dando voltas em círculos de um lado depois de outro, voltando à posição inicial e refazendo os movimentos em sequência.
Essas manifestações de danças são vistas nas mais diversas épocas, culturas e locais; portanto, fazem parte do folclore local. Geralmente, são carregadas de crenças e atividades resultantes de seu cotidiano construído ao longo das gerações, sejam elas para louvar algo sobrenatural, caça, colheita, guerra, casamentos e, ainda, por intenções religiosas, remontam sempre a um cenário de acontecimento importante, envolvendo toda uma sociedade.
Na Balainha, esse aspecto pode ser notado. Os elementos diversos constituintes da elaboração da dança, além da natureza, como a estação do ano (no caso, a primavera) trazem à tona diversos desejos de boas colheitas e produção ligadas às atividades agrícolas, comumente encontradas nas regiões onde o folguedo acontece.
Influência importante também foi exercida pelos colonizadores, incorporando tradições católicas à dança, como a festa do Divino e a festa Junina, que homenageia São João. Esta, por sua vez, também se relaciona com a prosperidade das colheitas.
A elaboração do folclore regional traz, em si, a constituição de inúmeros elementos que fazem parte de atividades rotineiras, como o trabalho, a observação da natureza, algum acontecimento especial e até alguma circunstância. No Brasil, porém, a proximidade do folclore com a religiosidade se faz muito presente na sociedade. O calendário religioso, dessa forma, dita a cronologia temporal do ano e, a partir dela, os festejos populares.
Fontes: Portal EducarBrasil.org; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.
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