sábado, 26 de março de 2011

Brega

Brega é um termo utilizado aproximadamente desde 1982 para designar: 1) coisa barata, descuidada ou malfeita; 2) de mau gosto, sinônimo de “cafona” ou kitsch; 3) a música mais banal, óbvia, direta, sentimental e rotineira possível, que não foge ao uso sem criatividade de clichês musicais ou literários.
Tida popularmente como música feita por e para as classes sociais mais baixas, o brega também costuma ser aceito em segmentos de maior poder aquisitivo.

Suas raízes estão nas cançonetas trágicas de Vicente Celestino (Coração materno), no samba-canção abolerado da década de 1950, no bolero de cantores como Silvinho (Esta noite eu queria que o mundo acabasse) e Waldik Soriano (Paixão de um homem) e nos imitadores e diluidores do pop-rock da Jovem Guarda (Paulo Sérgio, Odair José, Fernando Mendes, Peninha).

Na segunda metade da década de 1970, já estava formado o estilo musical e interpretativo que mais tarde seria rotulado de “brega”, com os excessos intencionais de cantores como Sidney Magal, Diana e Evaldo Braga.

Alguns artistas assumem o rótulo sem constrangimento, tendo sido até cunhada a frase “se cantar o amor é ser brega, então eu sou brega”. Outros, como Raul Seixas, Eduardo Dusek e o grupo Língua de Trapo, sobrelevaram a musicalidade simples do brega com letras inteligentes e críticas.

Desde os anos de 1980, artistas como Falcão, Lailtinho Brega e o grupo Vexame exploram seu lado satírico. E a música sertaneja mais urbanizada das décadas de 1980 e 1990 recebeu o rótulo de “música breganeja”.

A chegada à década de 1990 levou o "brega" a mais fusões e confusões em torno da conceituação. Nessa década, uma série de artistas passou a se assumir como "bregas". Um dos mais notórios foi Reginaldo Rossi, auto-proclamado "Rei do Brega". Dentro da tradicional linha romântico popular, Reginaldo Rossi mantinha-se como uma espécie de "contraponto nordestino" para Roberto Carlos, inclusive se apropriando do título de "rei" que já acompanhava o companheiro de Jovem Guarda. A canção "Garçom" transformou-o subitamente em sensação no Sudeste, ajudando a detonar uma onda de reavaliação do brega - inclusive com gravações feitas por artistas do establishment musical nacional, como Caetano Veloso - o cantor baiano, que já havia gravado em 1982 a canção "Sonhos", de Peninha, regravaria em 2004 "Você não me ensinou a te esquecer", famosa canção de Fernando Mendes. Nos anos 2000, outros "cafonas" receberam reconhecimento, como Odair José, que ganhou álbum-tributo do qual participam Pato Fu, Mundo Livre S/A e Zeca Baleiro.

Na primeira metade da década de 1990, grupos como o paulistano Vexame e o carioca Os Copacabanas especializaram-se em regravar sucessos do repertório popular "cafona" de Amado Batista e Reginaldo Rossi. Pelo lado do pastiche e da sátira, estes grupos algum sucesso dentre plateias mais intelectualizadas no Sudeste brasileiro. Também numa linha "brega-escrachada", o cearense Falcão e, principalmente, os paulistas Mamonas Assassinas obtiveram grande êxito comercial.

Mas foi nas regiões Norte e Nordeste que o brega resistia e se consolidava como uma grande força musical. Embora as emissoras de rádios e as grandes gravadoras passassem a ignorar sua existência, os artistas "bregas" continuaram produzindo e assimilando novas influências. Mesmo com limitações de capital de investimento e suporte técnico, esses músicos mantiveram um público significativo nas periferias urbanas destas regiões, fora do campo de cobertura cultural da mídia hegemônica.

Belém do Pará tornou-se a principal referência na consolidação do brega como estilo musical no país. Inicialmente restrito a circuitos de bailes e shows - chamados "bregões" - em casas noturnas da periferia belemense, a cena adquiriu grandes proporções regionais com as "aparelhagens" (grandes e potentes sistemas profissionais de som) das grandes festas populares, freqüentadas por milhares de pessoas, geralmente caracterizada por músicas típicas da região Norte, alguns sucessos da música pop (nacional e internacional) e ritmos caribenhos, como o calipso.

A mistura destes sons influenciou novas vertentes praticadas pelos artistas "bregas" que surgiam. Fora do âmbito da indústria fonográfica nacional, a produção musical "brega" paraense era distribuída diretamente por vendedores ambulantes e camelôs, consolidando um mercado alternativo para esse movimento, regionalmente batizado como "brega pop".

Com letras que ainda mantinham em geral a carga romântica - embora freqüentemente se desvie para erotização explícita, refletida até mesmo na coreografia dos dançarinos que acompanha a malícia da música -, o "brega pop" é caracterizada por um ritmo mais acelerado, com ênfase no acorde das guitarras.

Embora tenha se desenvolvido no mercado paralelo das periferias, o "brega pop" transformou-se em um negócio lucrativo e reconquistou espaço nas mídias locais, com presença na programação das grandes rádios comerciais. Embora algumas grandes bandas do "brega pop" ganhassem projeção nacional - e até mesmo internacional -, a grande maioria se seus músicos ainda desenvolvia carreiras efêmeras e se mantinha dentro do circuitos de bailes de periferia. O maior expoente nacional do movimento seria a Banda Calypso.

Ainda no Pará surgiram outras ramificações dentro do "brega", tais como o popularmente conhecido "Tecnobrega", resultado da fusão do "brega" com estilos da música eletrônica.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira; Wikipedia.

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