quinta-feira, 14 de abril de 2011

Capela

São João Batista
Capela é a denominação de grupos de foliões dos festejos populares de São João, em Pernambuco.
Ornamentados com “capelas de folhagens”, esses foliões marchavam em grupos, em busca do “milagroso banho”, do qual retornavam em animadas passeatas. Os cânticos entoados giravam sempre em torno do tradicional capelinha-de-melão.

No Norte e no Sul do Brasil, a capela ficou mais conhecida como rancho, na acepção de grupo festivo com instrumentos musicais. Percorriam as residências amigas, apresentando seus números musicais e recebendo em troca pequenas refeições típicas — em geral pratos preparados com milho.

Festejos de São João Batista

Os festejos de São João, entre nós, conforme Pereira da Costa, em Folklore pernambucano - subsídios para a história da poesia popular em Pernambuco, remontam aos primeiros anos da colonização, na primeira metade do século XVI , na narração do Frei Vicente do Salvador, quando relata que os índios participavam dos festejos dos portugueses "com muita vontade, porque são muito amigos de novidades, como no dia de São João Batista, por causa das fogueiras e capelas".

Segundo ainda Pereira da Costa, os capelistas - homens e mulheres coroados de capelas de flores e folhas -, percorriam alegremente as estradas e ruas dos povoados, cantando toadas, dentre elas, a que possui o conhecido estribilho:

Capelinha de melão / É de São João; 
É de cravo, é de rosas, / É de manjericão.

Antigamente esses bandos de capelistas, além de percorrer as ruas alegremente, encaminhavam-se, de preferência, para o banho na Cruz do Patrão, no istmo de Olinda, "cujas águas, quer as de mar, de um lado, quer as do rio Beberibe, do outro, gozavam na noite de São João de particular virtude de dar felicidades e venturas" ou ainda na praia de Fora de Portas, lugar também preferido e assim, na ida para os banhos sanjoanescos, cantavam:

Meu São João, / Eu vou me lavar,
E as minhas mazelas / irei lá deixar.

E na volta:

Ó meu São João, / Eu já me lavei;
E as minhas mazelas ; /  No rio deixei.

Além dos banhos, as fogueiras noturnas nas festas de São João, o anunciador, "crepitando em torno de uma bananeira e que constituem uma de suas características principais, vêm dos germanos e escandinavos, em honra de Freya, como refere Theóphilo Braga; e segundo Oliveira Martins, vinham já do tempo de Strabão, e constituiam o culto celtibérico por excelência". 

Como já foi dito, entre nós, a tradição de acender fogueiras em louvor a São João, nos foi legada pela Igreja Católica, divulgada pelos jesuítas e franciscanos.

Fontes: Brincantes; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Ed.

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